sábado, 10 de maio de 2008

as lágrimas que não choram.

Então, quando eu caminhava, comecei a sentir. Fazia tanto tempo. Os olhos começaram a ficar frágeis e os lábios, com timidez, tremiam. E não sei se era a poluição que me afligia ou o frio que torturava a parte das quais só se servem para beijar.

E por mais força que fizesse, nada acontecia. Alguém já me disse que essas coisas não dependiam dos músculos e sim do coração. E não era que estava triste. Tão pouco feliz, o sentimento não se caracterizava. Era um ponto incerto no meio da escuridão preta! Bem confuso.

Venerava aquele tempo que era tão fácil. Se por um momento imaginasse que com uma simples fugida das assas de minha mãe os olhos se enxeriam com tanta graça e tanta sinceridade novamente, teria fugido mais. Muito mais.

Quem sabe me tornei alguém muito independente, e até dos amigos eu não me importo. Não lembro quando comecei a estancar meus olhos e meu coração. Não me recordo quando me possuí de uma estátua como uma maneira de se viver. Nem tanto quando parei de amar. Pois o amor nos traz a alegria de ser, a ansiedade de acordar, a motivação de sorrir. E também traz a angustia de sofrer, de se magoar, de, enfim, chorar.

O simples ato de chorar é perceptível quando não traz uma carga de emoção. Se pausarmos nosso próprio tempo e deixarmos o vento nos trazer as lágrimas para o olho ressecado, seremos como o nada. No nada há também lágrimas, só que elas nascem do esforço carnal. Elas são como água molhada, chuva hilária ou mar doce, que não tem gosto, que não tem graça.

No meu caminho, das mais diversas coisas, aprendi que preciso retornar à velha criança. E como em passos largos contra o tempo me desviar de todas as mágoas que essa vida me causou. Me despir de todo sentimento que um dia me apeguei e simplesmente...Amar. Pois, como já disse, é no amor que encontramos as verdadeiras lágrimas e com essas elas nunca fugirão dos nossos lhos não ressecados. Jamais.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

m.

Danem-se os que ignoram. E que morram os que ferem!

E sobre aqueles que afirmam que é impossível,
deixo apenas minha pena. Pois, o desprezo é
um sentimento muito nobre para esses.

(RE:)FAÇO: MORRAM!

sexta-feira, 2 de maio de 2008

saia de conduta.

Partiu, como se fosse um outro homem. Deixou-me, e assim fiquei. Não insisti a sua volta. Apenas deliciei a liberdade e tive medo da verdade. Comprei de tudo o que era bom para os lábios e línguas de quem sente, e ruim para ele.

Talvez, isso deveria ter acontecido há muito tempo. E esse medo medonho que sempre me amedrontara, sumiu de vez da minha vida. As saias, que escorriam até os tornozelos foram trocadas por outras, quase não chamadas de saias. Não estava desviando meus princípios, apenas estava sendo quem eu sempre quis ser. Quem eu sempre fui.

Peço que não julgue-me, apenas compreenda que nunca fui assim um humano...Curioso. Só vivi, como achei que deveria. E mudei, quando assim deveria de ser. E a vida, ainda não vivida, é indefinida de fato.

Não acharia graça se viéssemos com manual de instrução. A descoberta é o catalizador que nos impulsiona. E os amores são os sonhos que desejamos e não temos. Se fosse tocável seria comparado como um saco de arroz. Mas de tão abstrato é sentido por nós dois.

Voltando daquele dia, lá estava ele. Arrependido, triste e com uma saia que ia até os tornozelos na mão. Cheirava como cheiro de nova, e a estampa era um tanto quanto moderna. O corte era o mesmo, esse nunca mudaria.

Sentei, encarei e vivi mais uma vez. Abracei e chorei. E por fim, vesti a saia...Outra vez.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

ainda sinto.

São tantas coisas meu Deus, e o choro não vem.E como a mãe aguarda o filho em pleno parto, o espero com a mesma dor, com a mesma angustia. Mas o choro, como já disse Deus meu, não vem. E ele, pede para não insistir. É tarde.

desabafo.

E é tão fácil para você. Aí em cima, tudo se encaixa, tudo se ajeita. Não que eu esteja com intensões de desmoronamento sobre tudo. Mas, é como um desabafo. E sinto-me tão distante, tão recalcado. Que é como pedra, meu coração ainda insiste, bate. Encapsulado dentro da rocha, dentro da toca, da minha toca.

E se fosse pelo prazer de apenas ser, não estaria escrevendo. Que seja como o touro, forte. E a serpente, maliciosa por sua condição. Que o amanhã não chegue, e que eu me esconda atrás da minha própria insegurança. Que tenha palavras jogadas, iguais a essas. E que não, por favor, não tenha regras.

Seja como a lua, de cara virada. E de certo, o sol, com o brilho relutante. Seja corpo brilhante, que reflita tais idéias. Explique-me todo esse mundo. Já que eu não explico-me por não saber. E se o destino é apenas bobagem, se tudo é real.

Pó, que me antecede. Empurra-me para sua terra. E pelo suspiro, sinto-me morto. E qual o sentido? Cade a frase, a estrutura, a tradição? Teclado inglês é o cão!

O dinheiro, a balança, a mão, o fogo então. Que mão?! Tire-as daqui. Jogue no lixo e livre-se de si. O mapa, quadrado. Dentro das linhas só a geometria dos interesses.

Desviou-se por si próprio. Era óbvio.

Não, não explico-me. Enjôo de mim mesmo. É o fim.