sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Paixão insolente.

Foi lá que eu estava. Sol, calor, piscina e um futebol eventualmente. A câmera marcava o ambiente. Nada que fugisse do conveniente. Mas algo me chamou a atenção, além dessas coisas todas. Foi ela. Ela, que estava na fila. Que esperava a piada, sem graça. Também aguardava o gordinho à sua frente, o esfomeado não saia de jeito nenhum. Estava a escolher o arroz e quais dos pratos quentes iria pegar.

Foi ali.

Ali que passei, rápido, mas o suficiente para poder ver. Vi seus traços, sem maldade, e era linda. Uma mistura de vários tipos de beleza, se fundindo em um só, a dela. Esplendido, não conseguia parar de olhar. Mas fingi que nada aconteceu.

A fila andou. E eu fui embora. A visão estava atordoada. Passei pela grama, tonto. Confundindo-me nos passos, cai no mato verde e me vi meio deitado, meio sentado, sendo conduzido pelo risos de deboches.

Olhei para a fila. Ela já tinha saído. Um alivio marcante me arremessou de volta para os risos . Mas não eram mais tão importantes. Aqueles deboches eram apenas um retrato de fundo, uma paisagem passageira, feia. Que não quero lembrar.

Me recompus, levantei, agitei a calça, e corri. Corri para longe, onde ninguém mais me visse. Em algum lugar que só poderia ver ela. Corri para minha cama. Fechei meus olhos e comecei a sonhar. O sonho era deslumbrante, ela era o ponto central. Foi genial.

Acordei. Fui para a cozinha, peguei uma xícara, leite e um punhado de cereal. Misturei tudo e bebi. Me troquei e fui para a fila novamente.

Finalmente.

Estava atrás dela. Esperava tanto por aquele momento. Uma moeda caiu. A avisei, ela me olhou, agradeceu. Estremeci todo, as mãos suavam frio, tremiam e minha boca paralisada. Acenei com a cabeça, ela entendeu, sorrindo. Lindo. Meus olhos brilharam. Uma emoção nova, o coração batia aceleradamente. E o gordinho ficou. Finalmente agradeci sua presença. A fila demorava. O esfomeado não se decidia e eu só fingia que nada acontecia.

Não sabia o que fazer. Estava só aproveitando o momento. Sentindo seu calor. O jeito que passava as mãos no cabelo. A maneira como conversava. E sorria. Que sorriso lindo, seus lábios eram inigualáveis. Algo jamais visto pelos meus olhos.

O gordo se decidiu. Andou e foi em direção à mesa. Ela pegou salada e peixe. Talvez fosse do tipo que só come coisas naturais. Mas eu gostava. Adorava. Ela se sentou e eu, não estava com fome, olhei os pratos, os garfos e fui embora. Sem explicação.

Abri a porta. Na cama me deitei. E por fim, sonhei...com ela.
Sonhei até não poder mais, e a minha mente judiou dessa minha percepção inocente.
E a paixão me mostrou como ela é insolente, descontente, que mata com a nossa gente.

Te vi e foi tão bom.

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