terça-feira, 8 de abril de 2008

pedra sobre v.

Foi em um domingo, próximo ao meio dia. O pai a agarrava como sua pedra mais preciosa, os tempos de 'bom gado' já tinham partido, e ele não poderia deixa-la a ver navio, por aí. O sol, quase perpendicular sobre seus pés, contrastava a realidade dura, fértil. Atrás estavam homens, um tanto quanto brancos demonstrando sua original natureza.

A correria estava por toda a região. E sobre o chão estava a terra, branca de susto pelos tiros e granadas. A poeira se espalhara sobre a velocidade do medo, que atordoava aquele povo. O pai já não possuía mais aquele sentimento de terror, o desespero já tinha-lhe agarrado com a mais poderosa fúria.

Sua pedra, a qual ele tanto guardava com a mais sincera afeição, havia rachado. Era mais frágil que o diamante, muito menos resistente. Porém, muito mais valiosa. Agora, tudo estava perdido. Ela o agarrara em seus braços e ele nem a olhava. Branca, não como a terra nem como os homens europeus, amolecia sobre o colo do pai. A falta de força e muito mais de consciência fizeram desta criança mais uma vitima da guerra.

Agora já não havia mais acampamentos médicos, nem tanto os voluntários que pelo suspiro da morte também fugiram. O pai não conseguiu nem ao menos vê-la dar seu último suspiro. Ela, agora sim estava como uma pedra preciosa, branca, intacta, frígida pela vida. E quem sabe, até poderia ter algum valor. Pelo menos estaria, ao menos uma vez, nas estatísticas da mídia estadunidense. E quem não quer estar nessa tão importante posição? Mesmo que branco, mesmo que pedra, mesmo que...Morta.

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