segunda-feira, 7 de abril de 2008

sinestesia pessoal.

O filme, preto e branco como deveria ser, era um ilustração da genialidade. Pelo cansaço, o garoto dormiu no sofá preto, e o couro se estendeu grudando em sua pele clara. Quando acordou, irritado, chamou os pais, alegando que já estava atrasado e que o show iria começar.

Não se sabe se seu verdadeiro interesse era ver os amigos antigos, cumprimentar aqueles que não conhecia ou apenas ver aquele lindo espetáculo. O que interessava, no momento, era pegar as chaves, se apresar e correr até o local.

O garoto, chegando lá, se deparou com o susto de não ter o ingresso. Mas, lembrou que os deixou no encosto da porta de seu carro. Voltou correndo, os pegou e entrou, temendo que algo já tivesse iniciado. Felizmente, nada havia ocorrido e até o tempo deu uma vaga para os apertos de mão.

Quando se apagaram as luzes o garoto tentou se concentrar. Daquele dia não passava. Parou. Respirou e fechou os olhos. Pensou nas mais diversas coisas, menos no que deveria ou queria. Depois de alguns cânticos ele começou a sentir indícios de sentido. Não reparou muito bem se era sua imaginação. Naquela hora, apenas sorriu, por dentro.

Ele então ficou ali, estático algumas vezes, espontâneo em outras e sempre pensava o por que de tudo aquilo. Se estava tão longe, como conseguira, ou por que estava tudo tão natural. Lá pela quarta ou quinta canção ele revelou-se. Deu de si tudo, e de tudo se deu. A voz se espalhava naquela multidão e os olhos só enxergavam uma coisa.

O estranho não foi perceber sua naturalidade. O estranho foi sentir aquela chama, mesmo que tímida, surgindo outra vez. Não era de se surpreender o medo de dar tudo errado, pelo ociosidade que o predominou por tanto tempo. Mas aquela tímida chama foi crescendo, e mesmo que pequena, apresenta resquícios de um novo começo.

Esperaremos, juntos, então.

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