segunda-feira, 21 de abril de 2008

confissão diária.

Trapos e essa imundice que você carrega. Se lateja sobre a dor de ser tão feio, e sujo. É ridícula essa sua aparência. Seus atos, pedinte, são a descrição da sua vida. E eu, sentado, acomodado, comendo. Te vejo sobre a reflexão do espelho, a mesma que mostra a lacuna entre nós.

Deixando meus preconceitos para lá, tento te entender. Esquecer dessa miséria que vejo e compreender, de alguma forma, a sua vida. Você não deve ter nascido assim. Essa sua aparência depressiva, que nos impulsiona para o mesmo abismo, não nasceu junto a ti. Esse cabelo, como corte de arrancado, não provém da sua natureza. E esses seus olhos que refletem uma vida tão mal vivida. Não, não era para ser assim.

Vejo que minha análise não faz mais sentido, já sempre eu o traste. E por tudo o que vejo e tudo o que hoje me tornei, procuro achar-me. E esqueço-te na sua mediocridade, na sua realidade; no nosso contraste. E percebo que já não sou capaz de deixar os meu conceitos, os meus ideais.

E termino minha confissão relembrando-me que somos, ainda que seja tão difícil de perceber, humanos. Que o coração bate e a lágrima chora. E que assim Fernando, eu possa encarnar na tua Pessoa e dizer: "Senhor, livra-me de mim". E seja o começo...Do fim.

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